sábado, 1 de novembro de 2014

O olhar


Parada atrapalhando a passagem de várias pessoas que circulavam frenéticas ali. As lágrimas caem, tentei fechar os olhos como se a dor fosse sumir, mas ela estava acesa dentro de mim. Como se envolvesse cada célula do meu corpo. 
Eu tinha te ligado, eu te falei do meu estado, te falei do que precisava, te falei que a minha cura era você. Então cadê você ? Opa, te vejo apressado bem de longe, esperando o sinal fechar para atravessar a rua e me dar o conforto dos teus braços. Viro o rosto, tento delicadamente limpar vestígios de choro do meu rosto. Mas caio na tentação de te procurar de novo. Droga! Como você é lindo, mesmo quando não tenta ser. Mesmo impaciente, olhando o relógio e tamborilando o dedo nas pernas, esperando a luz vermelha acender e te dar permissão para sentir o calor do meu desespero. Infelizmente você notou que eu estava te admirando.
Tinha um outro, que representa parte do meu passado. De soslaio o vi me observando algumas vezes enquanto te espero. Você chega numa velocidade tão grande que sinto o vento da sua chegada balançando meu cabelo e revirando meu estômago -ainda sou nervosa com seus efeitos sobre mim-. Mas seu abraço chega de um jeito tão acolhedor que só quero esquecer de tudo, e sentir sua mão acariciando meu cabelo. Seus olhos ativos, alarmados com a situação me encaram fixamente, enquanto no abraço já desfeito, suas mãos seguram minhas bochechas. Não consigo olhar nos teus olhos por muito tempo, preciso desviar. Mas em questão de um segundo eles baixam a guarda e se tornam serenos, calmos, tentadores, eles se fecham. Os meus se fecham. Nossos lábios se fecham, intercalados, um no outro. 
Sensação de paz. Obrigada por ter trazido-a.