sábado, 28 de fevereiro de 2015

Não adianta mais

Untitled
Uma corrente de ar que entrava pela janela me tirou dos teus braços no sonho. Acordei com frio, no sofá, e enxerguei com a visão embaçada de quem acorda, a sua camisa. Meu aguçado olfato matinal alertou meu ritmo cardíaco: seu cheiro. Então o ritmo se perdeu e o coração deu levemente aquela acelerada, na esperança de que o sonho tido antes do despertar, fosse parte da realidade. Pouco desnorteada, cheguei a quase pronunciar seu nome. E enquanto a consciência ia tomando conta do meu corpo, estranhei (como sempre) a vontade da sua presença.
Eu queria ter o dom de acordar bêbada, só pra não ter que enxergar sua vida além do que somos. Eu adoro seu cotidiano, mas os instintos não me permitem ignorar as pontadas de ciúmes quando tem mulher envolvida. Fujo dos vestígios que você vai deixando... Por amor à mim, e ao nosso "contrato". E eu me acostumo com qualquer condição porque é irrefutável a fraqueza que tenho por você. É irrecusável cada convite. E, nem por qualquer riqueza eu resistiria àquele olhar antes de cada beijo. Não trocaria seus braços, jamais, pela utopia amorosa que uns caras me oferecem de bandeja. Prefiro sua inconstância, minha insegurança na madrugada, a conquista em cada encontro e seus lábios desejosos que não me deixam perder do caminho que sempre me levará até você.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Распаковывает

Travel
Hoje permitiram que eu sentisse sua falta. E ainda depois de tanto tempo, é nítido o azul dos teus olhos me relembrando o quão doce (literalmente) era beijar você e em seguida abrir os olhos, podendo enxergar dois pedacinhos do céu mirando a minha boca. 
E em meio a australianas, mexicanas, ucranianas e até mesmo outras brasileiras, foi pra mim que você ensinou as regras completas do Hockey, e foi você que se preocupou quando eu me machuquei jogando. Era por você que eu esperava, só pra ter aquele abraço que me fazia sentir em casa, mesmo estando em outro país.
Lembro da primeira despedida. A gente preferiu fingir não se importar com o tempo. Mas é inesquecível sua agonia ao saber, por bocas de terceiros, que eu iria com minha turma pra outra cidade. E lembro de ter 13 ligações suas e várias mensagens. Nunca teria coragem de atender e me despedir, por que não é forte essa coisa de dizer as últimas palavras e ir, talvez, para sempre. Lembro do seu semblante perdido me esperando no lobbie da residência, do seu sorriso memorável que parecia não ter motivo para se manifestar. Lembro de como me abraçou, do seu beijo breve de despedida, como quem diz: "vai logo, não suporto mais".
E, depois de uma semana, te encontro no aeroporto, e foi como se estivéssemos há muito tempo juntos, você me abraçou e pediu pra eu não fazer isso contigo de novo. Eu nem quis fazer a primeira, por isso não tinha o avisado. E por mais indiferente que possa parecer, passar várias semanas com alguém quando se está distante do seu mundo e realidade, faz você se apegar como se não houvesse amanhã. E o amanhã chega tão repentino, se assemelhando ao frio na barriga que senti quando o vi pela primeira vez...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Que

hellanne: by Ana LMz - Atsuko says yaong | via Tumblr
Que a amargura desse capuccino não retraia minha doçura. Que sua lucidez jamais transpareça em meu olhar. Que essa dor de cabeça grite preocupações das quais eu não quero que sejam mais minhas. Que aquela angústia não me visite novamente. Que seus picos de temperatura deixem, finalmente, de ser um equilíbrio morno. Que a simplicidade seja o toque final de cada 'projeto'. Que um dia eu te encante. Que um dia eu me encante por outrem. Que se um dia não mantermos mais contato, você olhe o mar e lembre do que ele significa pra mim. 
Que a amargura de outros beijos vez ou outra te lembre a doçura dos meus.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Não combina comigo, você.

Não combina com você esse jeito abrasivo de corroer meus sentimentos. Não combina com seus olhos, essa devassidão. Não combina com a sua voz essa minha insegurança. Mas combinam com seus beijos, arrepios.
Não combinam as músicas que você ouve. Não combinam você e sua paixão por álcool. Não combinam seus toques e esse meu medo pertinente.
Não combina comigo, você.
Porém, enquanto houver a espera, dos meus sorrisos, por mensagens suas; do meu corpo, pelo seu calor; da minha sede, pelos teus lábios; dos meus ouvidos, por sagacidade; da minha alma, pela paz. Eu vou continuar indo aí, esperar irritada sua demora para abrir a porta ou atender ao interfone. Eu vou adorar (odiando), ser largada pelos seus compromissos; vou adorar rebater, interiormente, minha fraqueza por você, que vez ou outra eu gosto de chamar de 'vontade'; vou adorar você, nossos encontros... 
E tudo mais que adotar o prefixo nós, nosso
...

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Sobre querer você

(1) Tumblr
É mais forte que minha capacidade de fingir. Eu tenho sede de beijo, e pra saciar, só se for o néctar da sua saliva. Só se for você, sem tirar nem por. Porque se isso sobe de patamar, perde a graça e eu não vou me odiar pela sua outorgada maleabilidade.
É fácil carregar a ideia de que estou aberta para novas emoções, as vezes estou até... Mas na maior parte do tempo, eu sei o que eu quero e não dá pra sair procurando em novas esquinas o que você me oferece. Porque eles não entendem como você faz as coisas funcionarem. 
Não é difícil conhecer novos caras e procurar, freneticamente, vestígios seus. Seja nos olhos, barba, cabelo, comportamento. E uma voz na minha consciência surge, dizendo: -você está fazendo de novo. Então eu perco o foco da conversa, arrumo uma ligação falsa no celular e digo que preciso ir embora. E sou tão idiota, a ponto de sair rindo do lugar em questão. É injusto eu querer descontar saudades tuas nos braços de outros. Ainda mais nos braços de quem só sabe argumentar sobre um ódio mortal pelo Oriente Médio e que todos de lá deveriam morrer. -Espero que você não partilhe dessa opinião também, meu bem.
Já me alertaram sobre você. Eu nunca me preocupei porque eles acham que me conhecem. Eu até finjo aceitar os conselhos malucos dessas pessoas, mas eu juro estar morrendo de rir, interiormente. Porque é isso que você faz, me obriga a mentir pro mundo reservando minha transparência para si mesmo.