quarta-feira, 14 de junho de 2017

Estranha Noite

     
O trem se afastava da paisagem abarrotada de prédios e conduzia-se à vista de casinhas e do verde. Eu adoro a euforia que embala a cidade, as luzes, o barulho dos carros. Entretanto, hoje, ao voltar para casa, me senti acolhida pela calmaria, grata pelo meu teto que me abriga tão bem.
     Já em casa, o frio implorou um banho quentinho, despi junto às vestimentas as preocupações. Ali estava um espelho, o qual permite àquela análise terrível que fazemos de nós mesmos enquanto nus. A evidência do cansaço acomodava-se abaixo dos olhos num tom arroxeado. Senti-me, como em raras vezes antes, grata pelas marcas do tempo e das experiências em volta da minha pele.
     Abracei-me num sorriso singelo. Me descobri só e em paz. 
Não há nada que me faça querer sair de casa, hoje serei minha e do universo egoísta que à mim pertence.
Boa noite.