sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sou velho pr'essas coisas


Não acredito mesmo que tô nessa de amor moderno, te juro que não, na minha época isso não passava de falta de vergonha na cara. Mas essa minha menina, com aqueles olhos dissimulados, me falando com aqueles lábios carnudos e bem delineados, faz tudo parecer um conto de fadas.
   Ela vem cheia de carinho, bagunça meus discos, curia meus livros, se diverte com meu gato, me deixa em paz para trabalhar, e enquanto trabalho, as vezes me dá um cafuné e um beijo no canto da boca. À noite saímos para passear a pé. É surreal, ela esbanja sua jovialidade e me sinto na mesma vibe porque sou eu ali segurando a mão dela, e são outros caras que queriam estar no meu lugar. Seus sorrisos atraem a atenção de todos, e ela nem parece ligar: dança, conversa, me encara, sorri como se fôssemos os únicos do mundo.
    Na madrugada ela me ama, me ama como se eu fosse o único cara do mundo, me prende de um jeito que só deus sabe, me ama como se o sol não a fosse lembrar que é hora dela voltar pra casa. A bonita não se dá o trabalho de me acordar ao sair, diz ela que não é fã de despedidas. Ela coloca comida pro gato, e vai, só ouço a porta batendo e sinais do seu perfume no ar. Sorrio.
 

sábado, 9 de janeiro de 2016

Mais sobre mim que você, ou nós dois

Imagem de love
São inquestionáveis verdades as vezes que senti medo de perder sua voz ofegante no meu ouvido, por mais que já tenha prometido um dia não voltar mais àquele quarto, àquela casa, a sua casa. Ao nosso caso. 
Prometi tanto, porém racionalidade nunca foi meu forte quando meu corpo clamava pelo seu e minhas costas pediam suas mãos com afagos e carícias. Por que ir embora da felicidade? Hoje não entendo aquela eu do passado, dissimulada, que adorava uma dor, o choro e a ansiedade. Aquela que por considerar a vida consistente demais, eterna, se preocupava mais com o próximo passo que com o passo que estava sendo executado.
A vida é um instante, e nesse instante eu te quero. Não posso prometer que amanhã ainda serei louca pelos teus olhos, mas desde que comecei a escrever isso aqui vários instantes se passaram e só me volto mais apaixonada por você.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Meu pedaço doce da vida

Quando te miro os olhos, miro-os com infinita poesia. Só consigo enxergar futuros trechos nos seus trejeitos. Escrevo, escrevo e não sinto minha euforia bem representada nem pela poesia favorita. Palavras tornam-se escassas quando, hoje, eu tento explicar como você enche meus dias de alegria.
Decido tirar a armadura revestida de medo, ambição, ansiedade. Me vejo tão feliz, tão pura... Estar nua de corpo e alma na sua presença me deixa deliciosamente confortável e isso é uma daquelas coisas que dinheiro nenhum paga.
É que quando nossos lábios desencostam, mal consigo segurar o sorriso. Eu não sei a magia que você carrega, mas gosto quando esta permeia minhas inseguranças e me permite ser sua. Gosto quando me olha daquele jeito, me deixando toda sem graça. Gosto quando nossos corpos se encontram e funcionam em perfeita sintonia. 
Sua voz, costumo pensar que ela acalmaria oceanos, porém à mim provoca surtos de euforia. Mas os seus olhos... Sou infinitamente louca por eles... Me têm tão fácil e adoro ser fácil para você.
Que 2016 seja palco para nossas travessuras, que eu possa reclamar dessa barba que você não deixa crescer e que você continue sendo um dos pedacinhos mais gostosos da minha existência. Obrigada por cada detalhe.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Sessão de Fotos

   
Entrei, propositalmente, com o pé direito bem calçado num scarpin preto, a porta era de vidro e um tanto quanto pesada e barulhenta. Ele que estava de costas mexendo na TV, virou-se rapidamente com o barulho da porta. Me olhou seriamente, não esboçou emoção alguma e indicou uma poltrona para que eu sentasse.
     -Pontual, hein?
     - Pois é. -Disse eu.
     Ele não parava de fazer anotações, até que vencida pelo tédio, uma agoniazinha foi tomando conta do meu corpo, mal tinha controle sobre minhas expressões faciais. Ele havia parado de forma grosseira as anotações e me encarou, por mais ou menos 2 eternos longos minutos. Mantive o olhar fixo no dele, não pestanejei. Não é difícil quando é só mais um cara bonito que pretende te fotografar. Nem é isso, até porque só fui modelo de alguém quando já estava alta na casa de um amigo, tiramos as fotos, depois apagamos. Só por diversão. Enfim, estava tensa sim, relutante em demonstrar mas estava, tanto quanto estava confiante.
     Rompeu o silêncio e interrompeu meu fluxo de pensamentos:
     -Parece que podemos começar por essa poltrona mesmo, fique à vontade.
      Virou as costas, presumi que fosse atrás da câmera. Comecei a "ficar a vontade", tirei a blusa sem problemas. Mas uns oito passos depois começou a tocar Rihanna - Phresh out the Runway. Que tipo de homem barbado, tatuado e sério escutava Rihanna? (pensei). Tanto faz, a música me soltou bastante e segundo ele, fez brotar o olhar que ele queria, e esse comentário fez surgir o sorriso sapeca que ele esperava. Não sei por quanto tempo exatamente ficamos ali nas fotos ou quantas músicas da Rihanna tocaram, porém muitas coisas surgiram e me descobri mais desinibida com ele que na frente dos caras que costumam me levar pra cama. Senti que tudo que importava era meu corpo e como minha alma controlava tudo.
     - Acabamos, acredito. -Disse ele.
     Ofertei-lhe um sorriso puramente inocente, respirei fundo, levantei e cacei minha blusa e a calça jeans. Fiquei surpresa, era só aquilo mesmo. Não que eu esperasse um profissionalismo nesse nível mas estava com a consciência tranquila. Estranhando a sensação aceitei na minha mente: é, foram só fotos, só isso mesmo.
     Senti dedos frios percorrendo minhas costas de baixo pra cima e agarrando meu cabelo delicadamente, me entreguei ali mesmo.