sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Sou velho pr'essas coisas


Não acredito mesmo que tô nessa de amor moderno, te juro que não, na minha época isso não passava de falta de vergonha na cara. Mas essa minha menina, com aqueles olhos dissimulados, me falando com aqueles lábios carnudos e bem delineados, faz tudo parecer um conto de fadas.
   Ela vem cheia de carinho, bagunça meus discos, curia meus livros, se diverte com meu gato, me deixa em paz para trabalhar, e enquanto trabalho, as vezes me dá um cafuné e um beijo no canto da boca. À noite saímos para passear a pé. É surreal, ela esbanja sua jovialidade e me sinto na mesma vibe porque sou eu ali segurando a mão dela, e são outros caras que queriam estar no meu lugar. Seus sorrisos atraem a atenção de todos, e ela nem parece ligar: dança, conversa, me encara, sorri como se fôssemos os únicos do mundo.
    Na madrugada ela me ama, me ama como se eu fosse o único cara do mundo, me prende de um jeito que só deus sabe, me ama como se o sol não a fosse lembrar que é hora dela voltar pra casa. A bonita não se dá o trabalho de me acordar ao sair, diz ela que não é fã de despedidas. Ela coloca comida pro gato, e vai, só ouço a porta batendo e sinais do seu perfume no ar. Sorrio.