sábado, 26 de abril de 2014

A tua forma de amar

A verdade é que no momento em que paro de tentar buscar você em tudo, eu me sinto vazia. A solidão vai corroendo tudo de bom que guardei de nós dois. Você não faz questão e eu não quero levantar um dedo para mudar tudo isso, para que quando eu sofra mais um pouco eu possa jogar a culpa sobre você e seus princípios, dos quais até hoje não entendi muito bem como funcionam.
Você jura que me ama e eu não sinto esse amor. Eu nem sou quem você precisa. Não moro do teu lado, não sou eu quem você vai encontrar todo dia, não é para mim que você fará questão de contar os detalhes do teu dia ou da tua vida. E o que você me oferece são palavras, mas elas são tão leves que as vejo voando e percorrendo outros ouvidos e ainda assim, fico quieta. Não vou mexer com sua preciosa liberdade, então não brinque com minhas emoções porque elas desestabilizam o meu "ser livre". 
"Eu te amo". Me ama e não pergunta como eu tô despretensiosamente, não fala meias palavras espontaneamente pra me tirar o sorriso do qual você adora. Ama e ainda me deixa sentir só. Ama e não quer se apegar. E eu me odeio por ter feito isso primeiro. Porque é fácil se apegar quando só o seu jeito de falar comigo me balança, quando só no seu abraço eu encontro meu alívio, quando só olhando nos seus olhos eu me enxergo melhor, quando só te beijando eu sinto coisas inexplicáveis, quando só segurando a sua mão eu vou sem rumo certo, quando só a sua maneira de mentir me enlouquece cada vez mais, pouco a pouco.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Indecisão

E esse papo de relacionamento sério ? Eu ando tão confusa e indecisa sobre tudo e você quase que exige de mim a certeza dos meus sentimentos para contigo. Se a resposta estivesse comigo eu lhe entregaria de bandeja, sem complicações. Mas você me impede de estar certa de qualquer coisa, me perdoe a sinceridade.
Assumir algo fixo e que roube parte de mim, requer no mínimo um sentimento que me garanta felicidade apesar de qualquer sofrimento que esteja por vir. Tem que ser algo que me faça querer só a tua presença para anestesiar minha angústias. E, me perdoe mais uma vez, não confio na sua capacidade de aguentar alguém que tenha uma personalidade tão exótica, feito a minha. Haja estômago e nenhuma covardia. Isso, apesar de você já me conhecer profundamente...
E para ser mais sincera ainda, não estou segura de que você realmente enxergue um futuro no meio do nosso amor, deixa eu chamar assim, vai... É gostoso saber que mantenho algo único com alguém mais único ainda. 
A euforia dos nossos encontros, amassos, beijos, abraços, carícias, das tuas mãos nas minhas me eleva, e confunde. Quero me entregar a você por completo, quero poder te conceder o melhor de mim, quero até mesmo sofrer pela saudade, quero viver suas ânsias e anseios, seus medos e suas conquistas segurando sua mão. Mas antes, quero ter certeza. Você cobra de mais, para quem me assegura de menos. 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sobre o último ano do colegial

Não, não me sinto orgulhosa em declarar que sou mais uma pessoa clichê que só foi amadurecer no último do ensino médio. Não que hoje eu seja uma adulta sensata investida num corpinho e carinha de adolescente, mas que eu venho encontrando com mais frequência a minha personalidade e a minha moral frente à ética exigida socialmente.
Ok. Uma coisa por vez. Ano passado ainda era tudo confuso, parecia que eu usava um óculos embaçado e por mais que quisesse enxergar perfeitamente, eu era impossibilitada por algumas das minhas ex-prioridades. Tá que eu não era nenhuma criança (não mesmo), eu já tinha noções básicas do que eu teria que fazer para chegar a ser "alguém na vida". Ano passado, também, eu já fazia vestibulares e não me saía tão mal. Só que naquela época, eu colocava minha paz interior nas mãos de um mero e vagabundo relacionamento amoroso, minha felicidade sempre dependia disso, e isso não é coisa do ano anterior e sim de anos anteriores, desde meus 13 para falar a verdade. Eu nunca, desde então, tinha tido tempo para separar a Anna da Anna + um namorado. Eu não costumava tomar decisões sózinha, e a cada escolha eu pensava antes no relacionamento do que no que seria melhor para mim caso isso acabasse. O amor quando é recíproco mesmo que de maneira falsa, te faz sentir elevada, e segura. É bom, mas eu deveria ter me amado antes de ter demonstrado amor maior por outrem. E essa necessidade e posse de relacionamentos amorosos foi um ciclo que acabou há alguns meses. 
Partindo para outros princípios, antes desse ano eu comecei a moldar minha personalidade. Experimentei iguarias para ter certeza do que eu queria afirmar a vida inteira. Também não tinha responsabilidades, ainda era possível empurrar com a barriga e dizer que eu tinha que aproveitar antes de chegar o momento do "É agora ou nunca!". E finalmente chegou. No inicio do ano eu fui obrigada a trocar meu "Top Prioridades", isso para conseguir sobreviver. Não existia mais namorado, era só eu, eu que teria de procurar um ponto referencial para entregar minha dedicação, tempo e esforço, que antes eram dedicados à um menino. Então eu decidi que me dedicaria à minha cultura, que meu foco seria meu academicismo.
Para iniciar o ano de maneira mais inusitada ainda, conheci um homem (não coloquei garoto porque é muito banal para a pessoa que ele é.), nos tornamos amigos e amantes, mas dessa vez tive cautela para não deixar fluir algo maior que a minha vontade de seguir sózinha. E então, eu e ele não temos nada muito fixo. Isso nos permite ter a liberdade que é de cada um por direito. Ele tem acrescentado aspectos cultos à minha personalidade. O que mais eu poderia almejar ?
Eu fui me conhecer à pouco tempo. E isso tirou o embaçado que outras pessoas acrescentavam na minha visão. Sou desconfiada e tenho os pés no chão, mas vez ou outra caio na tentação pra não abandonar meu instinto aventureiro.
Comecei a nem ter tempo para pensar em outras pessoas. Egoísmo não é o termo correto, amor próprio, esse sim. Passei a entender que se tornou uma necessidade conhecer e compreender tudo o que aconteceu e que se passa na história mundial. Aceitei que meu papel não é impressionar ninguém, e sim surpreender alguém que valha a pena. E notei que a felicidade só é encontrada quando não é buscada, e que quando de maneira simples, você entende a complexidade em que se vivia.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Nossa paz


Foi em cima da hora, ele voltou para a cidade de surpresa e o relógio me mostrava 5:17 p.m., ele mandou mensagem dizendo que seria bom se nos encontrássemos às 6:30 p.m., no mesmo lugar que nos vimos pela primeira vez. Um convite disfarçado de sugestão. Nem respondi, já comecei a fazer planos para sair de casa e só voltar no dia seguinte. Fui correndo pro banho, passei aquele perfume que ele adora, soltei o cabelo e a roupa não tinha nada de especial, aliás, a ocasião não exigia que eu fosse a mais bem vestida, porque sabe, ele não liga muito para essas coisas.
Cheguei alguns minutos mais cedo, e ele já estava lá. De longe já notei aquele nervosismo típico, mexendo no cabelo e no celular ininterruptamente. Quanta confiança, ele soube que eu iria mesmo sem nem ter respondido o sms. Enquanto caminhava até ele, me questionava sobre o quão previsível eu sou ou tenho me tornado. Nos abraçamos e ele disse baixinho "eu sabia." Rimos, e um beijo reencontrou todos os nossos motivos para nos gostarmos e querermos tanto assim. É, sabia mesmo, ele me conhece mais do que achei ser possível. Ele sempre esteve seguro em relação ao que me fez sentir, e apesar das coisas não serem muito claras, é notável que somos felizes nisso.
Comemos num fast-food, e depois seguimos (de skate) para a casa dele. Ele me ofereceu um banho e uma camiseta para vestir. Sem ninguém por perto, sem nenhum barulho, ficamos na sacada, observando os carros, cada qual com seu pensamento. Ele é tão inteligente. Tentei decifrar o que ele pensava, enquanto isso ele foi se deslocando para um pouco atrás de mim, puxou meu braço, me levando para perto do seu peito, beijou minha testa e disse que queria que aquele momento não acabasse, então eu soltei um "xiu!". Ele e eu concordamos em curtir o presente, o passado não importa e o futuro é imprevisível. O celular tocou e era a nossa música, ele não se importou em me beijar enquanto a melodia nos guiava para longe de todos os nossos problemas.
Estávamos na cama dele, ao som de ambas respirações e de uma chuvinha, pensei em chorar e pedir para que não fosse embora. Porém, não faz meu tipo, essa menininha já não está aqui dentro, ela já não existe, e com ele eu faço questão de ser o que sou hoje, não é preciso fazer força para ser alguém que eu cogito ser perfeita para ele. Eu sou perfeita para ele, porque sou eu quem estava lá naquele momento.
Os segundos se tornavam cada vez mais curtos e no fundo eu estava triste, por saber que na manhã seguinte, depois de uma noite adormecida no peito do meu "amor", o único dele que poderia sentir, seria o perfume no meu cabelo. Sabia que teria um bilhetinho próximo à cabeceira da cama dizendo algo clichê, mas vindo dele nada é clichê, ele faz de qualquer detalhe, único. O admiro.
Dormimos.
À essa hora, 09:23 a.m. ele deve estar a algumas milhas daqui, e não me importo, porque mesmo se afastando cada vez mais, uma felicidade me invade, roubando o meu sorriso (que ele mais adora), apenas por saber que teremos tempo suficiente para sentir falta um do outro, para que a mesma situação/sensação se repita. Amo a maneira solta de como levamos isso.


sábado, 5 de abril de 2014

Um passado presente no presente e no futuro

Vez ou outra você vem me visitar, nos sonhos, pensamentos e detalhes. Principalmente naquele detalhe que você deixou marcado no meu pescoço, eu toco aquela região e sinto a mesma sensação que tive ao olhar no fundo dos seus olhos, antes de você me beijar. Sinto uma saudade boa da tua mão na minha nuca, acariciando levemente meu cabelo enquanto a outra mão envolvia minha cintura firmemente, me relembrando estar na presença de um homem de verdade.Essa ausência não é nada que incomode ou que me faça chorar, admito que me faz sorrir por saber que quando quisermos nos pertenceremos novamente.
Não é surpresa você ficar sabendo que no último texto que escreveu para mim, eu li ouvindo sua voz sobre aquelas palavras. Ah, a tua voz! Você fala alto em conversas bobas e baixinho no meu ouvido ao quase recitar um poema na minha imaginação, apenas dizendo: "Você é incrível!". E você é louco! Como se arriscou a dar as caras no meu caminho ? Como soube que daria certo ? Repito, você é louco. Louco por tudo que eu mais gosto, e que quando estamos frente a frente, me faz gostar mais ainda do que sei que está prestes a acontecer. 
O mais mágico da nossa história é essa sintonia de saber a hora certa de fazer tudo. Seja de beijar, correr atrás, ou simplesmente ir esquecendo mesmo. Nos esquecemos e nos relembramos. Como se fosse um joguinho. Eu uso você e você me usa. Algum problema ? Eu não vejo nenhum. Desde que essa amizade permaneça, eu aceito ser sua namorada pelas horas que nos forem convenientes. E depois a gente come besteira falando besteira e rindo de tudo. Como sempre foi...

quinta-feira, 3 de abril de 2014

406 norte


Tinha sido mais um dia daqueles difíceis, em que fui ao colégio pela manhã e passei a tarde numa biblioteca tentando não dormir e captar tudo que meu livro de história me contava. O que eu usualmente mais quero depois de um dia desses é seguir o caminho para casa, jogar ou dormir. Mas dessa vez não, o sol estava se pondo e me deu uma vontade de ir a um pub que ficava do lado de uma livraria que eu adoro. Comprei um livro, o primeiro de uma trilogia que nunca tinha ouvido falar, foi só para ter companhia na noite que se iniciava, no barzinho que estava ali do lado. Lá é um lugar bem tranquilo, menores podem frequentar tranquilamente. A música é de bom gosto, a comida é de fazer esquecer qualquer mau-humor e as mesas/sofás estão sempre lotados de pessoas, lendo, fuçando em seus respectivos note books, papeando ou simplesmente ali, olhando para o nada e pensando em tudo. Aquele pedaço de território é tão aconchegante que me faz sentir segura.
Demonstro ser mais nova do que minha idade exige. Mas tenho atitude, espero que isso recupere um pouco minha "maturidade" aparente. Cheguei lá, atraí alguns olhares curiosos que logo se desviaram e me senti solitária novamente. Ok. Estou acostumada. Minha intenção era sentar em algum sofá, mas estavam cheios, fiquei ali no balcão mesmo. Fiz o pedido habitual, e enquanto esperava, olhava fixamente para algum lugar, pensava em tanta coisa que nem notei que o foco do meu olhar eram um belo par de tênis meio desgastado, o  dono dele estava me olhando, foi o que deu pra perceber quando levantei o olhar. Então ele sorriu, eu sorri de volta, sem muita pretensão. Ele estava sózinho, vestia uma calça com uma camisa de uma banda que adoro e também usava um par de olhos que refletindo o finalzinho do sol, atingiam uma cor inexplicável, puxada para o verde. Estes, acompanhavam a leitura de um livro que estou há algum tempo querendo ler. *Enciumada por não ter aqueles olhos sobre mim, e sim sobre palavras.*
Desviei meu olhar, afastei aquele pensamento e comecei a ler meu livro novo. E quando menos esperei ele se aproximou - senti um frio na barriga - e então ele parou do meu lado, começou a pedir algo mais para beber - droga, mas é claro, você está no balcão, queria o que, que ele viesse até uma adolescente como você ? (voz do inconsciente) -. A música da vez era  Bleeding out - Imagine Dragons. Me conformei em não ser mulher suficiente para o homem que ele aparentava ser. Ainda perdida na minha imaginação pessimista, senti um perfume doce e amadeirado e junto, ouvi uma voz rígida e tão doce quanto o tal aroma, que então me disse: "Esse livro não é dos melhores." Ele disse insipidamente encarando a capa do meu livro. E então procurei os olhos dele, e não dei resposta, ele riu e continuou: "Você gosta dessa tipologia textual?", então finalmente minha voz resolveu entrar em ação, "Para ser sincera, mal li a descrição da contra-capa antes de comprá-lo, dessa vez eu julguei pela capa." Dali se desenvolveu uma conversa bem inusitada, um papo que nunca tive com ninguém. Garotos que sabem conversar atraem muito. Perdão, digo, homens.
Luca, 19 anos, engenharia na federal aqui da cidade. Das coisas que ele disse, a que me lembro com todos os acentos, vírgulas e charme foi: "Então é Anna com dois N, belo nome, combina com seu sorriso." Quando ele disse isso eu evitei sorrir, foi impossível, ele me olhou de maneira desafiadora. Foi também quando eu notei que ele ficou sabendo meu nome só naquela hora, e já tinham se passado duas horas de conversas, e ele só descobriu porque anotamos nossos nomes num livro de memórias do pub. Até então, ele só sabia minha idade, quase três anos mais jovem que ele. Eu estava ali, já fazendo história com um pseudo-desconhecido. Quão incrível pode ser comprar um livro e ganhar um beijo ?