quarta-feira, 9 de abril de 2014

Nossa paz


Foi em cima da hora, ele voltou para a cidade de surpresa e o relógio me mostrava 5:17 p.m., ele mandou mensagem dizendo que seria bom se nos encontrássemos às 6:30 p.m., no mesmo lugar que nos vimos pela primeira vez. Um convite disfarçado de sugestão. Nem respondi, já comecei a fazer planos para sair de casa e só voltar no dia seguinte. Fui correndo pro banho, passei aquele perfume que ele adora, soltei o cabelo e a roupa não tinha nada de especial, aliás, a ocasião não exigia que eu fosse a mais bem vestida, porque sabe, ele não liga muito para essas coisas.
Cheguei alguns minutos mais cedo, e ele já estava lá. De longe já notei aquele nervosismo típico, mexendo no cabelo e no celular ininterruptamente. Quanta confiança, ele soube que eu iria mesmo sem nem ter respondido o sms. Enquanto caminhava até ele, me questionava sobre o quão previsível eu sou ou tenho me tornado. Nos abraçamos e ele disse baixinho "eu sabia." Rimos, e um beijo reencontrou todos os nossos motivos para nos gostarmos e querermos tanto assim. É, sabia mesmo, ele me conhece mais do que achei ser possível. Ele sempre esteve seguro em relação ao que me fez sentir, e apesar das coisas não serem muito claras, é notável que somos felizes nisso.
Comemos num fast-food, e depois seguimos (de skate) para a casa dele. Ele me ofereceu um banho e uma camiseta para vestir. Sem ninguém por perto, sem nenhum barulho, ficamos na sacada, observando os carros, cada qual com seu pensamento. Ele é tão inteligente. Tentei decifrar o que ele pensava, enquanto isso ele foi se deslocando para um pouco atrás de mim, puxou meu braço, me levando para perto do seu peito, beijou minha testa e disse que queria que aquele momento não acabasse, então eu soltei um "xiu!". Ele e eu concordamos em curtir o presente, o passado não importa e o futuro é imprevisível. O celular tocou e era a nossa música, ele não se importou em me beijar enquanto a melodia nos guiava para longe de todos os nossos problemas.
Estávamos na cama dele, ao som de ambas respirações e de uma chuvinha, pensei em chorar e pedir para que não fosse embora. Porém, não faz meu tipo, essa menininha já não está aqui dentro, ela já não existe, e com ele eu faço questão de ser o que sou hoje, não é preciso fazer força para ser alguém que eu cogito ser perfeita para ele. Eu sou perfeita para ele, porque sou eu quem estava lá naquele momento.
Os segundos se tornavam cada vez mais curtos e no fundo eu estava triste, por saber que na manhã seguinte, depois de uma noite adormecida no peito do meu "amor", o único dele que poderia sentir, seria o perfume no meu cabelo. Sabia que teria um bilhetinho próximo à cabeceira da cama dizendo algo clichê, mas vindo dele nada é clichê, ele faz de qualquer detalhe, único. O admiro.
Dormimos.
À essa hora, 09:23 a.m. ele deve estar a algumas milhas daqui, e não me importo, porque mesmo se afastando cada vez mais, uma felicidade me invade, roubando o meu sorriso (que ele mais adora), apenas por saber que teremos tempo suficiente para sentir falta um do outro, para que a mesma situação/sensação se repita. Amo a maneira solta de como levamos isso.