sábado, 4 de junho de 2016

O que o tempo faz

Imagem de love, couple, and black and white
Abriu a porta, senti o cheiro característico dele, me disse para sentar e esperá-lo. Me acomodei como a dama mais decente do mundo, conceito esse que já foi desfeito. Ele adentrou o cômodo do fim do corredor. Tínhamos acabado de regressar da nossa primeira noite de gala, não muito sóbrios.
Levantei para admirar de perto um quadro que sempre perpassei os olhos sobre. O movimento de sentar e levantar faz o meu vestido vermelho acetinado subir consideravelmente, não me incomodei em descê-lo. Depois de admirar o quadro, meus saltos me dirigiram ao corredor, dali pude ver uma fresta aberta da porta do cômodo que ele havia adentrado, estava tirando o cinto da calça, desabotoando a camisa... Me pegou espiando, deu o típico sorriso safado, apagou a luz, levantou as mangas da camisa, veio em minha direção, me colocou contra a parede do corredor, chegou pertinho, brincou com os dedos nos meu lábios, soltou um comentário sujo e se afastou como se nada tivesse acontecido, mas o volume da calça expunha a sua vontade.
Foi à cozinha, eu fiquei ali estática por uns 20 segundos, sorri e fui atrás dos passos dele. Abriu um vinho, nos serviu e me convidou à conhecer uns jogos que ele havia adquirido recentemente. Dei breves passos para me posicionar atrás dele. Comecei a fazer comentários sobre os jogos no ouvido dele, bem baixinho, beijei-o no pescoço. Ele deixou os jogos sobre a mesa, se virou, fingiu aquele momento pré-beijo, me deu um empurrãozinho grosseiro por saber dos meus gostos por brutalidade, seguiu ao som e colocou blues para tocar, trazendo à mim a nostalgia das primeiras vezes.
Cheguei perto, agarrei-o pela calça e puxei-o para dar o troco, provoquei-o até não conseguir me controlar, joguei-o no sofá. Virei o vinho num gole, larguei a taça. Aproveite-me da música e sem me preocupar com os olhares do prédio vizinho, comecei a descer o zíper lateral do vestido, bem devagar, como a música pedia. 2 minutos depois já estava no colo dele, dando início à sintonia que construímos nesse tempo que temos juntos. 
Há quem diga que novidades são dádivas, até ele mesmo diz isso. Mas duvido que ele esqueça como sorrio enquanto agarro os lençóis, duvido que ele troque nossas aventuras por qualquer novidade de uma noite.