quarta-feira, 25 de março de 2015

Não diga que deixou de perceber

(1) Tumblr
Me lembrei das vezes em que me calei quando mais queria clamar por um carinho seu, quis suas mãos no meu cabelo sem segundas intenções. Mas como sua segurança transpassada nunca foi real, não ousei me abrir contigo. Os detalhes não me fogem da memória, infelizmente. É quase inesquecível o dia em que a porta do seu elevador fechou e você simplesmente desapareceu; enquanto descia, segurei o choro com um torcer de nariz e repeti que estava tudo bem, relembrando todos os termos da nossa relação fajuta. Ir embora sózinha e me sentir sózinha já não faz sentido. Eu fui fiel à esse devaneio em troca das suas poucas palavras, do seu carinho nas costas e de uns desesperos que enfrentei sem medo. E que hoje não enfrentaria mais.
Toda aquela superficialidade me fazia tão completa.
 Bebo um vinho barato e deixo a maquiagem ir embora com as gotinhas da água salgada que insistem abandonar meu organismo pelos olhos. Nesses momentos eu procuro alguma segurança e seu nome já não me vêm à mente. Nem sei mais do seu abraço e de como era odiar você por beber demais e sair distribuindo por aí o melhor beijo do mundo (seu). 
O tempo faz estragos irreparáveis, meu bem, e o destino faz propostas irrecusáveis.
Todo cuidado é pouco.