domingo, 24 de agosto de 2014

Só por agora

Só por um momento eu vou deixar a bagagem de "ser mulher". "Você não deve chorar", "você é tão bonita, não devia estar assim!", "cresce!". Hoje nenhuma dessas sentenças vale. Porque eu devo e posso cair, fraquejar, porque eu não estou imune à sofrimento nenhum. É preciso estar lá embaixo para saber realmente como é bom estar lá em cima, com a cabeça erguida, com o olhar fixo em algo, "inabalável". Essa concepção de mulher encanta qualquer um. Mas não, eu não quero encantar ninguém, não hoje.
Hoje eu quero colo de quem eu não posso ter. Quero cafuné, quero um abraço que me faça sentir pequena e protegida, quero uma música romântica e lembrar alguém, quero meu livro monótono que me faz esquecer da vida, quero guloseimas, quis você.
 A lista do que eu quero, passa longe do que está ao meu alcance...Não me importo. Não agora, não hoje. Não quero tentar o aparente inalcançável, porque estou definitivamente farta, mas isso passa em dois ou três minutos. Mas o que vale é o agora, e no agora, eu só quero abraçar meu travesseiro e chorar, até reencontrar novamente meus motivos para eu ter sido forte até aqui. Daí eu volto a superfície, volto a ser quem eu sou, e eu me orgulho disso, eu sei que sim.