domingo, 25 de janeiro de 2015

XXX-XI

Lembro daquela conversa, das respostas concedidas e da primeira impressão que ficou de você. Ainda guardo essa impressão, porque é hilário comparar com quem você realmente é ou, sei lá, demonstra ser.
Eu me preocupando em decifrar você, a gente... E três meses se passaram desde o dia em que eu fiz analogias -você sabe que elas não são meu forte- loucas e peguei teu número. Lembro do dia anterior, em que eu estava decida à não ir ao lugar onde nos encontramos. Lembro que no momento em que me virei e te vi, eu devia estar numa palestra sobre o curso de Direito. E confesso alguns calafrios cogitando não ter te conhecido. 
Desde então, você tem me consumido. Às vezes me pego em tentativas furadas de encher a cabeça, enquanto eu sei que você enche a cara e "não sabe" o que está fazendo. 
Eu invento uma versão de mim mesma, para que escondendo a verdade eu encontre paz. Não seria difícil me apaixonar por você. Até porque você tem, fatalmente, a facilidade de ativar minhas fraquezas, ainda que não saiba (e não queira saber) delas. 
Eu confesso que já recebi notícias incríveis e quis te contar no mesmo instante. Já quis dizer que estava num restaurante e tocou Gone Away (versão acústica) - The Offspring, e segundos depois ri de mim mesma ao estar certa de que você não faz a menor ideia de onde eu tirei essa música. Quis contar dos rumos que minha vida vai tomar. Quis dizer: eu gosto de estar aqui; quando me deitei próxima do seu peito, onde ouvia sua frequência cardíaca. Quis te mostrar umas fotos que eu tirei em uma das experiências mais incríveis da minha vida. Quis te contar porque eu detesto o Olavo de Carvalho. Quis acordar e ter mensagem sua desejando bom dia. Quis te mostras meus dotes culinários. Mas é que essas coisas não fazem parte do (nosso) contrato. E me forço a relembrar isso todos os dias, para que seja leve, como eu imploro que seja... Mesmo não querendo isso lá no fundo. 
Sua superfície me faz bem. E ainda que eu tema suas profundidades, gostaria de conhecê-las.