quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Eu tive você

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Oi, moço. 
Ainda que não troquemos palavras diárias, decidi te contar, subitamente, que hoje acordei com uma vontade de re-descobrir o mundo. E não me importo com sua ausência de interesse nos meus anseios.
Minha rotina mudou bastante, você deve ter ficado sabendo... Mas ainda insisto em cultivar aquela ida à feirinha de comidas orientais, como fazíamos toda sexta-feira. O moço da barraca daquele bolo japonês que você adora, sempre me reconhece e ainda lembro da primeira vez em que ele me viu sózinha e perguntou por você, eu simplesmente disse que você estava por aí, ele baixou os olhos como que se lamentando ao me entregar o pacotinho do bolo. Paguei-o, dei o sorriso de sempre e lhe desejei boa noite.
Em dias cinzas ainda vou ao parque, nem que seja para encerrar mais um livro na beira do lago. Faço questão de passar pelos lugares que já foram privilegiados pelo nosso amor doce, puro, intenso e leve.
Ao passar pela galeria, ainda prefiro às escadas porque você sempre brincava com o fato das minhas panturrilhas serem gordinhas, e ousava me aconselhar a não subir pelas rampas.
Reconheço seu perfume de longe. Vejo aquele filme e lembro de você. Ainda insisto em perambular pela casa de calcinha com as janelas abertas, e você odiava saber disso. Gosto das fotos que trocávamos, não apaguei nenhum histórico das conversas porque acho gostoso ler do início e notar como foi fácil me apaixonar, e como será fácil isso acontecer novamente, repentinamente e gradualmente por outra pessoa. É lindo te relembrar, é satisfatório ter tido você, ainda que pelos instantes limitados que a vida e os instintos impuseram.