quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Encontro forjado por um almoço

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Confesso que antes de você chegar, eu trocava calorosos olhares com o moço da mesa seguinte, o qual chegou a esboçar sorrisos que mais pareciam um convite para uma casa litorânea, dois filhos e um cachorro. Pude vê-lo se levantar e sentar no lugar vago à minha frente...Aí você chegou, tentando avistar lugares vazios na sacada, mirou bem a minha mesa e pude sentir o corpo esquentar. Você chegou com toda gentileza do mundo perguntando se podia se sentar e já emendou um comentário: "Não vale à pena ficar lá dentro com uma vista dessas aqui fora."Confesso nem ter notado a paisagem da esplanada dos ministérios abençoando aquele almoço, mas ainda assim concordei sobre o comentário.
Meu prato já estava vazio, o que me restava de chance para uma conversa era meia lata de coca-cola da qual fiz questão de degustar em pequenos goles. Pensei em puxar assunto falando da sua barba; da tonalidade do seu cabelo, se era ruivo ou castanho; da banda que ilustrava sua camiseta; Entretanto meu turbilhão de ideias foi interrompido por sua voz excêntrica com um tom levemente divertido.
Falamos da rotina, do amor por Brasília, de armações de óculos, de viagens... Apesar de estar com pressa, o envolvimento naquele papo repentino era tão significativo que a ideia de pagar 200 dilmas à mais por multa de atraso na mensalidade da faculdade parecia boa. Para ser mais sincera e exata, tudo parecia bom durante nosso encontro espontâneo, até mesmo a dor no meu ciso superior esquerdo.
"Então, eu vou indo..."
"Tchau moça, uma boa tarde!"
"Tchau, uma boa tarde pra você também."
Não saberei se semana que vem você regressa à Áustria ou se desiste da ideia por temer a falta da nossa capital. Não saberei porque nem seu nome eu tive a elegância de perguntar, mas bem tinha cara de se chamar Augusto e ter 24 anos. Perdoe meus complexos, só preciso dar nome aos bois se é que me entende...
Quando a moça do caixa falou: "17 reais e 58 centavos" fiquei pensando sobre o quão barato foi me apaixonar por um momento, conversar, relembrar alguns valores, manter um riso gostoso no rosto e ainda fazer uma refeição.
Vou continuar indo nesse restaurantes em dias não-normais da minha rotina e seria um prazer esbarrar com seus belos olhos por lá novamente caso fique em Brasília...