segunda-feira, 20 de abril de 2015

Não passa, nem passará


Você nunca me amou e eu nunca acreditei que amasse mesmo... Mas ainda que em meio as suas desventuras sexuais, profissionais e sociais você se importava e hoje não fez sentido a despedida.  Era surreal. Você de tantas outras bocas quis minha presença e isso me era tão suficiente. Esse querer, sabe? Vontade de verdade.
Passo por aqui, releio os arquivos da época em que eu ainda fazia parte da sua rotina, era tão confuso e tão bom... Fico me perguntando quando é que alguém vai me levar pra cama novamente ao som de Taylor Swift (hahahaha), playlist idiota aquela... Me pego rindo, vou aí no seu bairro, desço na nossa estação do metrô, essa que já foi palco de beijos, frios-na-barriga e lágrimas também...
A veracidade da nossa essência dava-se porque não haviam motivos nem espaço para superficialidades ditas da boca pra fora. Não existiam amarras, apego, nem medo. A ausência desses ingredientes resultava na receita que todos buscam. E nós tínhamos isso, então porque eu cedi à pressão? Não quero acreditar que a escolha foi minha. Ambiciosa, de um tanto que consegui retroceder de um jeito que me envergonha.
Eu sinto uma saudade da verdade que éramos, da sua demora, da sua casa, das roupas jogadas, do seu sono leve, do seu cafuné, do seu sofá, do seu: 'oooi' ao atender minhas chamadas, das desculpas (sim, até mesmo delas), do seu jeito gostoso de sorrir, da maldade, do ciúme fútil que eu conseguia sentir. Você tão seu, eu tão sua...
Não faz parte dos meus proclamados princípios essa situação toda. Não sou eu. Por favor, enxergue! Esbarre em mim por aí e me convença de que ainda é tempo. Me guie com tuas mãos firmes, me iluda com o jeito de bom moço e não me deixe ir novamente, jamais.


Já é tarde.