quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Determinismo...

Ela era ruiva, olhos claros, pele branquinha como a neve e com algumas sardas. Serena, concreta, discreta e apaixonada, sempre intensa em tudo que fazia. Ele era alto, atraente, e tinha olhos que mais pareciam um mesclado de turquesa com azul do mar. Ambos desconheciam-se e viviam numa pequena cidade europeia.
Era dia chuvoso quando ela saiu de casa com seu batom vermelho, bota estilo cowgirl, seu cardigã estampado com a bandeira da Inglaterra e um guarda-chuva de poá. Como de rotina, sempre passava no Starbucks para comprar um café, e assim poderia prosseguir o caminho para seu colégio. Perto de seu prédio havia um barzinho do qual ela nunca frequentaria em sua vida. Caminhando desatenta pela calçada, passou pela frente do tal bar, lá dentro estava um garoto que a observava sempre que por ali passara. E justamente naquele dia, um carro passou em alta velocidade a encharcando com água. Deixou parte de seu café cair, manchando toda sua roupa, seu guarda-chuva voou longe, a deixando molhar por completo. Ela ficou paralisada por alguns segundos, e começou a falar só, reclamando do que havia acontecido. O Garoto do bar saiu correndo em meio a chuva, para ajudar a menina. E ele não riu como fazia seus amigos naquele exato momento, após ver a cena de camarote. A menina não quis nem ouvir o rapaz que por sinal estava super preocupado e estava disposto em ajudá-la, ela irritada acabou por derramar seu café em cima dele.Ele reparou em seus olhos cheios de fúria e tão lindos, reparou em como sua boca tremia de nervoso, e ele ficou bobo, parou ali mesmo vendo a garota fazer seu trajeto para casa, provavelmente para trocar de roupa.Ele passou a frequentar o barzinho todos os dias da semana apenas para vê-la passar ali, com seus cabelos lindos e esvoaçantes e com aquele caminhar independente que só ela tinha. Tão encantado tentou achar meios para se comunicar com ela, foi perguntando para os frequentadores do bar, e o garçom disse que ela era sua sobrinha, e ali ele passou o número do celular da garota para ele. Ele muito discreto, passou a mandar mensagens de texto anônimas, sabe um admirador secreto ? Sim, foi desse jeito por uma semana e meia. Até que não se aguentando de curiosidade eles marcaram um encontro, numa pracinha.
Aproximando-se da praça ela viu e lembrou vagamente do garoto que a viu levar um banho naquele dia de chuva. Ela parou olhou para ele, e continuou andando, sentou-se num banquinho de madeira velha. Eram 3 e 15 da tarde, ele já estava 15 minutos atrasado. Que absurdo! E o garoto não parava de observá-la com seu pézinho balançando impacientemente. Tomou coragem e sentou-se junto a ela, ela lhe disse que aquele lugar estava reservado. Ele logo respondeu num tom de voz mediano: - Sim eu sei, está reservado para mim.
Ela ficou boquiaberta e não sabia o que dizer, ele reparou ainda mais na sua beleza exótica, colocou sua mão em seu pescoço, trouxe com sua outra mão o corpo da garota para mais perto, fazendo com que assim suas bocas encostassem e acontecesse um beijo tímido, a menina ainda sem se dar conta do que estava acontecendo, levantou-se e saiu correndo em rumo a sua casa. Subiu rapidamente as escadas do prédio, bateu a porta do quarto, e lá dentro olhou-se no espelho, deu um sorriso meigo, e sim ela estava linda e radiante. Passaram-se minutos e ele mandou um sms : "Desculpe minha ansiedade e euforia, não queria assustá-la, já reparo em você há semanas e não aguentei esperar te tendo tão próxima a mim". Espero que queira me encontrar novamente". Ela muito orgulhosa não o respondeu. Passaram dias e nada dela responder, ele praticamente olhava o celular de minuto a minuto. Uma semana depois ela respondeu: -"Quero te encontrar hoje, naquele bar, as 16:00 p.m." Ele colocou sua melhor roupa, seu perfume preferido e partiu para encontrá-la, ela já estava a espera dele, e usava seu vestido favorito rosinha com renda. Se cumprimentaram timidamente, ela percebeu que ele havia trago o café do Starbucks que ela sempre bebia antes do colégio. O garoto entregou o café a ela e perguntou porque ela teria escolhido aquele local para se encontrarem, ela respondeu: "-pensei que se sentiria mais a vontade". Ele deu um sorriso pequeno e tímido, e sim a moça já estava encantada por ele. Ele pediu um café tradicional, que sempre vinha num copo americano acompanhado de um croissant. Ele puxou papo e foi descobrindo mais sobre a garota, e vice-versa. Ficaram ali conversando toda a tarde. Foram se despedir na porta do bar, com um beijo no rosto e palavras meio ditas. Ela saiu com outro café, só que esse era do barzinho mesmo, tinha começado a chuviscar, e sem aguentar aquela sensação de que poderia ter sido algo mais, ele foi atrás dela, ela se virou, eles se entreolharam, ele fechou os olhos, tocou o rosto dela, e ela colocou a mão delicadamente em seu pescoço. Aconteceu, aquele beijo cinematográfico, romântico e calmo. E ali estava ela, novamente molhada da chuva, e deixou seu café cair, naquele momento nada mais importava. Ele não acreditava no tal determinismo até que durante o beijo, as últimas semanas passaram-se em seu pensamento, e ficou claro. Aquilo realmente era para acontecer...