terça-feira, 20 de novembro de 2018

Inspiração fora de hora

     Cá estou, depois de tanto tempo. Tempo esse em que me permitir viver sem pensar que cada momento me renderia uma boa história, sem pensar nas combinações que poderia fazer para dar ritmo a uma crônica. Um tempo em que eu olhei teus olhos, sem desviar, e não me preocupei em buscar com todas as forças um adjetivo que descrevesse com tamanha intensidade como seu olhar faz meu corpo estremecer. Um tempo em que vivi nós e nossos nós.
     Hoje não foi diferente do que tem sido nos últimos meses, vivi tudo com intensidade, sem me preocupar em como colocaria aquilo tudo no papel, mas, quando te observei dormir enquanto eu acordava, era como se visse esse texto se desenhando na minha mente.
     Sabe, nunca foi fácil dizer tchau, embarcar num avião e voltar pro que normalmente eu chamaria de casa. Só que dessa vez doeu mais, eu não sei, era como se ir embora estivesse me levando pro oposto do que meu corpo queria, para a direção errada, como se eu estivesse me dirigindo para casa e ao mesmo tempo deixando o meu lar que é você. Eu vejo como um filme esses dias que passamos bem juntos, me dou o direito de encarnar em qualquer um que compunha a multidão naquela estação de metrô quando você me puxou pela mão e rodopiou meu corpo, me fazendo dançar, me amando na frente daquele tanto de gente. Quero encarnar em qualquer um que tenha apreciado aquela visão de nós dois, só pra ver como uma cena o quanto nosso amor brilha, sem fazer muito esforço.
     Gratidão, amor da minha vida... pela leveza, pelo carinho, pelo cuidado, pelos beijinhos na testa, pelo banho depois da bebice de um sábado pouco convencional, pelo amor, por demonstrar amor, pela vulnerabilidade, e finalmente, por ainda me inspirar a escrever coisas por aqui.